Curso de marceneiro ensina técnica de marchetaria para custear projeto de ONG
O trabalho é totalmente artesanal. Mais do que técnica, é preciso calma na hora da produção. No curso de marcenaria oferecido pela Escola Pau Brasil, em Campo Grande, agora é a vez da marchetaria, a montagem e colagem aproveitando a beleza da madeira.
Sem utilizar pregos ou encaixes, a técnica requer poucas ferramentas e muita precisão. Pedaços de madeiras são intercalados como em um mosaico, com tons diferentes.
Seja por hooby ou curiosidade, a oficina é aberta para qualquer pessoas e requer o investimento de R$ 1.900,00 em 10 aulas que acontecem aos sábados. O curso é básico, mas bem elaborado e todos os alunos levam suas peças para casa.
A ideia surgiu pela falta de dinheiro para manter os custos do projeto Escola Pau-Brasil, desenvolvido pela ONG Gira Solidário, que existe desde 2002 em Campo Grande e ensina marcenaria e design para jovens de famílias carentes de forma gratuita. É uma oportunidade de capacitação para ampliar horizontes de adolescentes no mercado de trabalho.
A ONG foi criada pelo publicitário e design suíço Stephan Hofmann, que hoje luta por uma vida mais digna na periferia da cidade. “Fui testemunha de um assassinato de um taxista em Salvador durante uma viagem ao Brasil. Ele foi morto por um adolescente de 15 anos. Esse momento me trouxe reflexão sobre desigualdade e importância de trabalhar em benefícios desses jovens em situação de vulnerabilidade”, conta Stephan.
Ele deixou a Suíça e veio para Mato Grosso do Sul investir na organização, inserindo a marcenaria como um dos caminhos para tirar o jovem da rua e ensinar arte. “Assim nasceu a Escola Pau- Brasil. Fizemos uma pesquisa no mercado para saber a chance para um marceneiro e se isso iria mudar a vida do jovem de baixa renda. E o resultado nos deu ainda mais vontade de manter essa escola. Mas ela é cara, precisa de infra estrutura e matéria prima”, ressalta.
Atualmente, o projeto tem capacidade para ensinar 12 alunos durante o ano, no entanto somente 6 estão inseridos. A justificativa está na falta dinheiro para custear os materiais para que o trabalho dos alunos seja desenvolvido. “A ONG sobrevive de doações. Quando começamos, outras pessoas foram se interessando pelo trabalho desenvolvido na marcenaria. Tivemos uma queda nas doações e por isso, o curso pago para pessoas de fora foi um dos caminhos que a gente encontrou para ajudar na renda do projeto", explica.
Para quem investe, o curso dura menos, mas Stephan garante que aluno sai capacitado na teoria e prática. “São técnicas europeias, mas com criatividade brasileira. Quero que eles aprendam não somente técnica, mas tenham afinidade com a sensibilidade na hora do design de cada peça", detalha.
No caso da marchetaria, é o acabamento que dá valor estético e decorativo ao objeto. "Aprendem sobre o maquinário, cortes e manejo. Mas na marchetaria é o manual que faz a diferença. Na técnica, se usa pelo menos duas madeiras, para dar um contraste. Quando a madeira é mais grossa, há dificuldade maior e exige paciência do aluno. Tudo é colado, um a um. Depois, a madeira precisa ser pressionada, lixada e por fim recebe um óleo ou verniz", descreve.
A técnica também é uma forma de desenvolver habilidades e talentos. "Aqui a própria experiência gera autoestima porque aprendem a fazer coisas que as vezes nem um marceneiro sabe fazer. As peças geralmente são únicas, pela criatividade e precisão", afirma.
Na ONG, algumas peças também estão à venda e o dinheiro é todo revertido para o projeto. O preço varia de acordo com o design e a criatividade. Um banco feito com madeira teka e ipê, por exemplo, custa em média R$ 380,00. Bandejas e o porta jóias sai por R$ 180,00.
"Nós vendemos as peças feitas aqui no projeto. Quem faz o curso pago, leva os objetos embora. Quem se interessar por novos trabalhos, também são feitos por encomenda, mas não em grande quantidade, porque os alunos estão aprendendo e fazer todo trabalho com calma, uma peça pequena leva pelo menos uma semana para ficar pronta", explica Stephan.
Outro detalhe importante é a matéria prima voltada para a sustentabilidade. "A madeira utilizada é o resto de manejo de reflorestamento, o que não conseguem exportar é doado e nós reaproveitamos, não tiramos nada da natureza. E com o projeto, o que a gente quer é que esse jovem seja o protagonista da própria família, com uma oportunidade e uma capacitação", esclarece.
Fonte: https://www.campograndenews.com.br
Sem utilizar pregos ou encaixes, a técnica requer poucas ferramentas e muita precisão. Pedaços de madeiras são intercalados como em um mosaico, com tons diferentes.
Seja por hooby ou curiosidade, a oficina é aberta para qualquer pessoas e requer o investimento de R$ 1.900,00 em 10 aulas que acontecem aos sábados. O curso é básico, mas bem elaborado e todos os alunos levam suas peças para casa.
A ideia surgiu pela falta de dinheiro para manter os custos do projeto Escola Pau-Brasil, desenvolvido pela ONG Gira Solidário, que existe desde 2002 em Campo Grande e ensina marcenaria e design para jovens de famílias carentes de forma gratuita. É uma oportunidade de capacitação para ampliar horizontes de adolescentes no mercado de trabalho.
A ONG foi criada pelo publicitário e design suíço Stephan Hofmann, que hoje luta por uma vida mais digna na periferia da cidade. “Fui testemunha de um assassinato de um taxista em Salvador durante uma viagem ao Brasil. Ele foi morto por um adolescente de 15 anos. Esse momento me trouxe reflexão sobre desigualdade e importância de trabalhar em benefícios desses jovens em situação de vulnerabilidade”, conta Stephan.
Ele deixou a Suíça e veio para Mato Grosso do Sul investir na organização, inserindo a marcenaria como um dos caminhos para tirar o jovem da rua e ensinar arte. “Assim nasceu a Escola Pau- Brasil. Fizemos uma pesquisa no mercado para saber a chance para um marceneiro e se isso iria mudar a vida do jovem de baixa renda. E o resultado nos deu ainda mais vontade de manter essa escola. Mas ela é cara, precisa de infra estrutura e matéria prima”, ressalta.
Atualmente, o projeto tem capacidade para ensinar 12 alunos durante o ano, no entanto somente 6 estão inseridos. A justificativa está na falta dinheiro para custear os materiais para que o trabalho dos alunos seja desenvolvido. “A ONG sobrevive de doações. Quando começamos, outras pessoas foram se interessando pelo trabalho desenvolvido na marcenaria. Tivemos uma queda nas doações e por isso, o curso pago para pessoas de fora foi um dos caminhos que a gente encontrou para ajudar na renda do projeto", explica.
Para quem investe, o curso dura menos, mas Stephan garante que aluno sai capacitado na teoria e prática. “São técnicas europeias, mas com criatividade brasileira. Quero que eles aprendam não somente técnica, mas tenham afinidade com a sensibilidade na hora do design de cada peça", detalha.
No caso da marchetaria, é o acabamento que dá valor estético e decorativo ao objeto. "Aprendem sobre o maquinário, cortes e manejo. Mas na marchetaria é o manual que faz a diferença. Na técnica, se usa pelo menos duas madeiras, para dar um contraste. Quando a madeira é mais grossa, há dificuldade maior e exige paciência do aluno. Tudo é colado, um a um. Depois, a madeira precisa ser pressionada, lixada e por fim recebe um óleo ou verniz", descreve.
A técnica também é uma forma de desenvolver habilidades e talentos. "Aqui a própria experiência gera autoestima porque aprendem a fazer coisas que as vezes nem um marceneiro sabe fazer. As peças geralmente são únicas, pela criatividade e precisão", afirma.
Na ONG, algumas peças também estão à venda e o dinheiro é todo revertido para o projeto. O preço varia de acordo com o design e a criatividade. Um banco feito com madeira teka e ipê, por exemplo, custa em média R$ 380,00. Bandejas e o porta jóias sai por R$ 180,00.
"Nós vendemos as peças feitas aqui no projeto. Quem faz o curso pago, leva os objetos embora. Quem se interessar por novos trabalhos, também são feitos por encomenda, mas não em grande quantidade, porque os alunos estão aprendendo e fazer todo trabalho com calma, uma peça pequena leva pelo menos uma semana para ficar pronta", explica Stephan.
Outro detalhe importante é a matéria prima voltada para a sustentabilidade. "A madeira utilizada é o resto de manejo de reflorestamento, o que não conseguem exportar é doado e nós reaproveitamos, não tiramos nada da natureza. E com o projeto, o que a gente quer é que esse jovem seja o protagonista da própria família, com uma oportunidade e uma capacitação", esclarece.
Fonte: https://www.campograndenews.com.br